18 de dezembro de 2015

2015 - Um ano inesquecível



Já fazem dois anos que não escrevo minha análise anual, mas esse ano merece uma descrição detalhada, pois ele foi cheio de pequenos detalhes e de grandes mudanças.
O motivo de eu não escrever dos anos anteriores, foi, na verdade, uma concepção errônea de que não havia nada a ser dito. Os anos de 2013 e 2014 para mim (principalmente o de 2014) podem ser definidos como declínio, foram centenas de dias empurrados com a barriga e dizendo a mim mesma que era apenas uma fase difícil, como tantas outras. Mas não era bem assim.
No fim de 2014, depois de um ano de isolamento e auto-justificação; um ano em que quase deixei a igreja, que abri mão de meus relacionamentos, que caí no meu rendimento de trabalho e entreguei ministérios, nem cheguei a fazer pelo menos seis meses de devocional e sobrecarreguei meu marido. Tive então, que reconhecer através  da percepção aguçada da minha melhor amiga, que sempre esteve ao meu lado (mesmo quando eu não queria estar ao lado de ninguém) e não desistiu de mim mesmo eu dando todos os motivos compreensíveis para isso. Através de suas palavras compreendi que estava no caminho de uma depressão. Fruto de um acúmulo de coisas engasgadas, aumento de peso, expectativas não alcançadas, de tentar ser forte demais e me decepcionar principalmente comigo mesma, relacionadas à minha falta de organização, produtividade, minhas falhas e o meu passado. Eu sempre me vangloriei por ser forte, e assumir que precisava de ajuda, foi uma das fases mais difíceis e sombrias da minha vida. Quando coisas assim acontecem é que nos damos conta que nosso equilíbrio é como um castelo de cartas de baralho, muito lindo de se ver, mas também muito fácil de se desfazer. 
Em Janeiro de 2015, fui orientada por essa amiga (obrigada Aila) a procurar ajuda nos grupos de apoio da Igreja Batista Central - o Celebrando Restauração- No princípio, eu não entendia como me sentar em um círculo e ouvir pessoas desconhecidas, me ajudaria de alguma maneira, até então minha negação ( ato de negar a realidade) me dizia que eu não estava enfrentando os mesmos problemas que aquelas pessoas. Mas, aos poucos, minha máscara do "tudo bem" foi caindo e me peguei compartilhando com aqueles mesmos estranhos, fatos que apenas meus cadernos e meu Jesus sabiam. Aliado aos grupos de apoio, me engajei também no Grupo de Passos, um grupo do mesmo sistema, mas que trabalhava os assuntos de forma mais aprofundada, como uma terapia. Por enquanto, fui até o quinto passo, não tive como continuar, devido a problemas financeiros enfrentados naquela época. 
O momento mais marcante pra mim, foi o retiro do quarto passo. Fiz uma viajem, com demais pessoas que também estavam seguindo os passos, e nesse retiro os participantes vão primordialmente para escrever sua história. Achei que seria moleza, pois sempre tive o costume e prazer de escrever, mas ao chegar lá dei de cara com perguntas direcionadas a momentos específicos- eles precisavam ser descritos detalhadamente, sem minimizações- aí tudo mudou. Voltar para coisas do passado, fatos travados em minha mente, traz lágrimas aos meus olhos, até nesse momento. Entendi, que para seguir em frente, eu precisava olhar para trás e fazer as pazes ou enfrentar as coisas mau resolvidas. Interessante é que muitas coisas que minha mente me havia feito esquecer, como proteção para minha sanidade, foram trazidas à tona e enfrentadas. Saí de lá com várias malas a menos e um caderno cheio de palavras. 
"É impossível curar uma ferida dizendo que ela não existe"
 Jeremias 6:14
E uma das melhores sensações que senti na vida foi perceber que não houve, sequer um momento em que a mão de Deus não estava ao meu lado. Isso dá muito sentido a vida. Ficar em silêncio durante três dias e refletir sobre o todo, me fez compreender de uma forma mais madura, as maneiras que Deus agiu e o que Ele quis me ensinar. Lembro-me que sempre sentava no mesmo lugar para escrever e em uma dessas vezes Deus falou em meu coração, ao observar uma árvore que estava bem na minha frente, comparei minha vida com aquele cajueiro. Seus galhos eram em garranchados e sem qualquer padrão de sentido, mas seu tronco era forte e firmado no chão. Sua função estava sendo cumprida, ela estava fazendo exatamente oque foi feita para fazer; gerar frutos e de sobra proporcionar sombra. Deus me fez pensar que assim era minha vida: vários galhos, em situações diferentes, enfrentando desvios e problemas, mas firmada, com raízes profundas no reconhecimento do seu amor. Fazendo oque fui destinada para fazer, sua vontade, ajudando outros no processo.Minha vontade foi deixar algo marcado naquela árvore. Pensei em colocar Isaias 41:10

"Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei, eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa." 

 Mas não o fiz, aquela árvore simbolizou o fim das marcas. Espero que assim como eu, você nunca mais olhe para uma árvore da mesma maneira. 
Conversando com alguns amigos próximos durante aqueles dias ouvi coisas do tipo: - Eu sempre me perguntei como você conseguiu aguentar Julie. Antes, eu não saberia  o que dizer, ou diria que é porque fui forte. Hoje, eu sei a resposta: foi o Senhor e sua infinita graça, que nunca soltou da minha mão, mesmo quando eu achei que tinha. Louvo a Deus, por sua misericórdia, pois muitas vezes eu não acho que Ele é bom , justo, ou me questiono por que a minha vida tinha que ser um bom roteiro de novela mexicana e Ele ainda me ama, mesmo assim. Mas,peço oração por isso, pois essa é uma batalha constante pra mim. Acreditar que Deus é bom e que seus planos para minha vida, são bons também.
 Esse primeiro semestre de profunda auto-análise, foi interrompido por um fato inesperado. Nossa casa rachou e a parte de dentro começou à afundar. Tivemos que pensar em uma solução, mas todas elas levavam a um orçamento mais alto do que nós tínhamos, Com isso, passamos a economizar bastante. Após sermos aconselhados a deixar a casa, devido ao risco, tivemos a oportunidade de nos mudarmos para casa inabitada de minha avó paterna, onde estamos até agora. Deus cuidou de tudo. Até em nosso conhecimento financeiro. Nesse fim de ano estudamos bastante sobre o assunto com Gustavo Cerbasi e seus livros "Casais Inteligentes enriquecem juntos" e "Como organizar minha Vida Financeira" e temos um planejamento maduro para o ano que virá.  
Com a mente organizada e saudável novamente, foi necessário partir para as mudanças de atitude. A primeira delas foi reorganizar a bagunça. O primeiro que procurei foi Deus: longas conversas, longos louvores. Eu não sei bem explicar meu relacionamento com Deus é algo tão verdadeiro e imprescindível que talvez não tenha sido feito para ser descrito, apenas sentido. Em alguns momentos de solitude em devocional, eu me imagino ao lado de Jesus, em um lindo Jardim cheio de cerejeiras, Jesus sempre está sorrindo pra mim e eu sempre estou sorrindo de volta, sem nenhuma palavra dita, apenas sua presença basta.


"Mas, pela graça de Deus, sou o que sou..." 1 Co 15:10
" O Senhor conhece, quem lhe pertence"  2 Timóteo 2:19
" O Senhor está perto de todos que pedem a sua ajuda". Sl 145:18


Valorizar oque sou, e ser eu mesma, sem me basear sempre no que os outros me dizem ou no que os outros fazem, foi encontrar a libertação da co-dependência, uma melhor constância espiritual, e mais maturidade. As justificativas de atitudes e os pensamentos agora, ficam mais resguardados entre meu triângulo prefeito( Deus-Israel e eu), e parar de tentar viver a vida de outras pessoas que admiro, me fez colocar os pés no chão e perceber que estava perdendo a oportunidade de aproveitar o meu hoje, em prol de alcançar sempre o objetivos de pessoas com mais anos de vida e experiências que eu. Cada um tem o seu tempo, eu tenho que aprender do jeito único que Deus quer que eu aprenda, independente da forma que ele age na vida das outras pessoas. É boa demais a sensação de saber que isso passou a ficar em segundo plano pra mim.  Acho que quando a Bíblia fala sobre não ser levado sobre qualquer vento de doutrina, isso não se aplica apenas a conhecimentos teológicos, mas também a estilo de vida. Saber quem sou, me ajuda a saber melhor quem Deus quer que eu seja.Sabendo hoje de que tudo aquilo que eu não posso soltar, eu não sou sua dona e sim sua escrava. E isso vale para tudo: lembranças, sentimentos, pessoas, bens e afins. Cristo me chamou para liberdade.

Procurei também seguir métodos, e encontrei a Thaís Godinho, autora do livro Vida Organizada. Livro que indico para todos os seres humanos. Principalmente aqueles que estão em adaptação de uma nova vida. A Thaís de uma forma simples, nos ajuda a reconhecer nossa própria felicidade, através da elaboração de objetivos, simplicidade, GTD, listas entre outros fatores, assim  como Mari Kondo me ajudou a valorizar mais as pessoas que amo e jogar vários lixos tantos físicos, quanto emocionais fora. Aos poucos os métodos me ajudaram a recomeçar e tudo começou a entrar no rumo certo. Depois de uma grande teste, compreendi que Deus usou esse ano para refazer o vaso que sou. E entender que as coisas não são fáceis pra mim, nunca foram e talvez nunca serão, tudo é sempre diferente. Faz parte da aventura, ou eu aprendo a ser grata por isso e tendo ajudar os outros ou mergulho em frustração e amargura. Eu fico com viver pela graça, sendo quem eu sou, me aceitando como sou, deixando Deus, e somente Ele fazer as modificações necessárias. Eu precisei passar por algumas coisas sozinha, e outras com o apoio de Israel que sempre, sempre, SEMPRE, me ajudou e compreendeu. Mesmo em meio a esses vendavais, nosso relacionamento se manteve e estável e todo esse processo de transição nos deixou ainda mais próximos um do outro. Formamos um excelente time e eu amo a benção que tenho de chamá-lo de marido, amigo e líder.Meu principal ministério é ele, minha maior atenção e prioridade cabem a ele, mesmo abrindo mão de outras coisas para isso. Ser uma boa serva, uma boa profissional é importante, mas minha família é o principal, pois a igreja sou eu, e nós somos um, nosso maior testemunho de seguidores de Cristo está em nosso relacionamento e em nosso lar.
 Encerro meu testemunho desse ano. Celebrando a vitória de estar conseguindo ser feliz a cada dia. De iniciar o ano de 2016 com a conquista de um novo e excelente emprego, uma nova casa, um espírito e mente em renovação, com a restauração de ministérios e o desejo de dar meu melhor pelo reino, estudando , dando meu melhor no meu trabalho. Percebendo a vida e os detalhes dela com maior sensibilidade. Vencendo minha procrastinação através da organização, a co-dependência mantendo- me perto de quem me valoriza verdadeiramente e orando e perdoando por quem não, entendendo a opinião dos outros sobre mim com o filtro dos céus. A ausência de pessoas queridas como a valorização das que estão perto, as lembranças ruins de coisas que não foram minha culpa, como um meio de ajudar outras mulheres e o desejo incessante de viver cada experiencia de forma única. Agradeço ao apoio mesmo mais distante de minha mãe-amiga Raquel e de meu grupo de PG e a você, pois se você leu até aqui, e foi edificado, minha oração foi atendida. Se não, é uma opção ler de novo. Espero que seu 2016, seja cheio de alegrias e bençãos e que o Senhor lhes abençoe e os guarde, que Ele faça resplandecer o rosto dele sobre vocês e lhes dê a paz .

                                                                    Coisas bobas de um ano bom:
  • Ainda amante de series e animes. (porque sim!)
  • 32 filmes assistidos ( recorde :D)
  • Deixei o cabelo crescer (milagre)
  • Aprendi a cozinhar pratos novos (nem todos ficaram bons)
  • Consegui não engordar mais, mas não conseguir alcançar o peso que quero. (vai dar certo!)
  • Um novo hábito de decorar minha agenda e criar vários journals.
  • Israel e eu ainda rimos muito um do outro
  • Caio já me chama de "titia" ♥
  • Temos um carro
  • Vejo meu pai todos os fins de semana e ele está bem
  • Perdi o gosto por fotos posadas :D quero fotos que expressem algo ( acho que isso é bom)
  • Tenho aconselhado meninas incríveis 
  • Tenho alunos maravilhosos
  • Criei um blog( pra colocar oque quero, sobre o que penso e gosto)


6 comentários:

  1. Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
    Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
    Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
    Jeremias 18:4-6. Nós bem que poderíamos escolher não ser quebrados, doeria menos ser remendado, mas Deus não nos ensinaria tanto, que nós possamos confiar o Oleiro de olhos fechados e Ele fará o melhor de nós. Deus abençoe sua família e te dê um 2016 cheio de bençãos!!

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  2. Julie...como já lhe disse uma vez me vejo em muito do que vc escreve.Muitas de suas experiências foram vividas por mim no passado.Fico muito feliz em ve-la se tornando aquilo que Deus planejou.Eu tb estou nesse caminho.Não é fácil,mas o nosso Deus é fiel.Bju grande!

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  3. Julie...como já lhe disse uma vez me vejo em muito do que vc escreve.Muitas de suas experiências foram vividas por mim no passado.Fico muito feliz em ve-la se tornando aquilo que Deus planejou.Eu tb estou nesse caminho.Não é fácil,mas o nosso Deus é fiel.Bju grande!

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  4. Amém Darlene. Que Ele nos ensine como melhorar a cada dia!

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